tag:blogger.com,1999:blog-49452206045061945822023-11-16T07:32:13.068+00:00O que estamos a fazer?A Quinta da Serra é um bairro de barracas no Prior Velho na Área Metropolitana de Lisboa. O que estamos a fazer é uma narrativa fragmentária da acção dentro e fora do bairro vista à luz da filosofia política de Hannah ArendtUnknownnoreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-46293873969909675272011-10-14T18:42:00.000+01:002011-10-14T19:05:28.774+01:00loucos sagrados: ocupem Wall Street<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimUTrJzgtQ7MuSV1JTi8J77IOFh0sxkQlIqfnkL94Rz8dlyEGi0qKYzjwyrb9QLF9hDNHzCajG18YwXfrb_GXNJLmDi8Ja_Z0SZvThA-k14HggtUPbKiT7g4TCNDBNd-x9pS_tUa0sWOA/s1600/Members-of-the-Occupy-Wal-007.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimUTrJzgtQ7MuSV1JTi8J77IOFh0sxkQlIqfnkL94Rz8dlyEGi0qKYzjwyrb9QLF9hDNHzCajG18YwXfrb_GXNJLmDi8Ja_Z0SZvThA-k14HggtUPbKiT7g4TCNDBNd-x9pS_tUa0sWOA/s320/Members-of-the-Occupy-Wal-007.jpg" width="320" /></a></div>
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<span style="font-size: large;"></span><span style="font-size: large;"><br /></span><br />
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<span style="font-size: small;">Estou contigo em Rockland</span><br />
<span style="font-size: small;">onde nós abraçamos e beijamos os Estados Unidos debaixo</span><span style="font-size: small;"> dos nossos lençóis </span><span style="font-size: small;">os Estados Unidos que tossem toda</span><span style="font-size: small;"> a noite e não nos deixam dormir</span><span style="font-size: small;"> </span></div>
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<span style="font-size: small;">(Allen Ginsberg in Howl)</span></div>
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<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-83034287869892275342011-10-14T11:39:00.008+01:002011-10-14T16:40:04.211+01:00loucos sagrados e joie de vivre<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWiv61Vz_8g8XZhCSWreWc1VKXPjYux6N5qy04nS_nKuMvd12YCPAj_PKtqjUg83WqYexxjAbYFVh3Ns3O0aprk5Gf57oLtfDnSTL7t1H-XcPYFcMOCaApBoZTfICx79KZA9xoqN2RLEU/s1600/13_full_600x400.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWiv61Vz_8g8XZhCSWreWc1VKXPjYux6N5qy04nS_nKuMvd12YCPAj_PKtqjUg83WqYexxjAbYFVh3Ns3O0aprk5Gf57oLtfDnSTL7t1H-XcPYFcMOCaApBoZTfICx79KZA9xoqN2RLEU/s320/13_full_600x400.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5663296322867901042" border="0" /></a><br /><div style="text-align: center;"><div style="text-align: left;"><br /></div><br /></div><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><b></b><span style="font-style: italic;font-size:100%;" >Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens</span> (Coríntios 1:25)<br /><br />Li ontem que os manifestantes do movimento <span style="font-style: italic;">Ocupem Wall Street</span> seriam hoje despejados do Zucotti Park, anteriormente designado Liberty Plaza Park, agora rebaptizado Freedom Park, com o objectivo de limpar a praça para defesa da salubridade e segurança públicos. Acabo de saber que os proprietários da praça cancelaram a sua limpeza. Quarenta minutos antes da hora marcada para o ínicio do despejo a administração municipal anunciou publicamente a decisão da Brookfield Properties, o grupo imobiliário proprietário da praça Zucotti.<br /><br />Em 2000 um ilustre professor de Planeamento Urbano e Design da Harvard Kennedy School, Jerold Kayden publicou um livro com o título <span style="font-style: italic;">Espaço Público de Posse Privada</span>. O título, que Kayden assume como parodoxal, abriga um conceito que se quer provocador e estimulante que "faz parte de uma tendência de através de parcerias público-privadas responder às preocupações urbanas" (do prefácio). Uma tendência que Kayden faz remontar aos anos 60 do século passado. De facto em 1961 a ideia modernista (Le Corbusier) de "incentive zoning" é assumida pelo departamento da Planeamento de Nova Iorque através de uma resolução em que eram atribuidos ao promotores imobiliários que incluissem praças nos seus projectos bonus de construção de pisos adicionais, em torres de escritórios e apartamentos.<br /><br />Zucotti Park é um dos 520 parques, praças ou passagens que resultam duma política de mais de meio século. John Zucotti (72) em honra do qual foi designada a praça depois reconstrução de 2006, na sequência do 11 de Setembro de 2001, é co-presidente do conselho de administração da Brookefield Properties e foi Presidente da Comissão de Planeamento de Nova Iorque entre 1973 e 75. A esta hora, confirmo pelo twitter de Adam Gabatt, os manifestantes continuam a ocupar a Zucotti Park: a Praça da Liberdade. No centro da praça está uma estrutura de aço vermelho de 21 metros de altura, chama-se: Joie de vivre.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-25728064184386810042011-02-09T08:53:00.003+00:002011-02-09T09:25:07.654+00:00Londres<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqmykAgLxRAdHdWz5RsLakAz_sgVG8HA6SP6NMS_P3bdjjJ6liGw9eCZdTI9QLTDLrw_yS_ZiLj6eBoRDjgSfvk7La13PrlMCRpxxUFjZG5w9J23orRV1vG1c1hj8qXPC2n5qcj_YNYGQ/s1600/P1000717.JPG"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 320px; height: 180px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqmykAgLxRAdHdWz5RsLakAz_sgVG8HA6SP6NMS_P3bdjjJ6liGw9eCZdTI9QLTDLrw_yS_ZiLj6eBoRDjgSfvk7La13PrlMCRpxxUFjZG5w9J23orRV1vG1c1hj8qXPC2n5qcj_YNYGQ/s320/P1000717.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5571613246648430498" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Estou em Londres com a Carmo a fazer pesquisa bibliográfica e filmográfica com o apoio da FCT. Ao mesmo tempo, estamos a tentar pôr por ordem uma candidatura do Nucleo de Estudos Urbanos do Centro de Estudos Geográficos à FCT.<br /><br />Sobre a acumulação primitiva do capital li o Marx mas ainda assim surpreenderam-me os filmes que tenho visto sobre o comércio de escravos pela evidência que proclamam de que as grandes fortunas, os faustosos edifícios Londrinos no bom estilo neo-clássico e o formidável avanço que foi a Revolução Industrial assentam nos 30 mihões de escravos ( dos quais apenas metade sobreviveram à viagem) que durante 150 anos alimentaram o comércio triangular entre África, As Antilhas e a Inglaterra.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-78483627988879674502009-09-03T09:30:00.003+01:002009-09-03T09:44:19.202+01:00Curvando o arco<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3l4lPjIsdm6-5k_SKCftF_33Bs3kJ183oj-M52-N5LJKUILTFN48Ficwf2z0HeR5AYlFzD5wKnkVZyAtmYqP9bb6CEs50cwRoYHgagw8-aPzwPBWUQ8VfdWIHs1uJfMRLWjahkA7RZMe/s1600-h/bowing.gif"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw3l4lPjIsdm6-5k_SKCftF_33Bs3kJ183oj-M52-N5LJKUILTFN48Ficwf2z0HeR5AYlFzD5wKnkVZyAtmYqP9bb6CEs50cwRoYHgagw8-aPzwPBWUQ8VfdWIHs1uJfMRLWjahkA7RZMe/s320/bowing.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5121517688950042050" border="0" /></a><br /><span style="font-family:Trebuchet MS,Arial,Helvetica;"><span style="color: rgb(51, 0, 153);"><b>Fresco na rocha,Tassili, Argélia 7,500 A.C.<br /><br /></b></span></span><span style="font-style: italic; color: rgb(51, 51, 51);font-family:times new roman;font-size:100%;" >"A mortalidade dos homens reside no facto de a vida individual,...,provir da vida biológica. Essa vida individual difere de todas as outras coisas pelo curso rectilíneo do seu movimento que, por assim dizer, intercepta o movimento circular da vida biológica. É isto a mortalidade: mover-se ao longo de uma linha recta num universo em que tudo o que se move o faz num sentido cíclico." Hannah Arendt in A Condição Humana<br /><br /><br /></span><span style="color: rgb(51, 51, 51);font-family:times new roman;font-size:100%;" >Procuro a relação entre percepção e mundo, procuro como quem caça...num ramo quebrado, na pégada imperceptivel, no cheiro do vento, na expectativa de compor uma representação feliz com minudências.<br /><br />Cada um de nós constroi um modelo de percepção da realidade a partir do qual interage com ela: A nossa realidade não é "a realidade".<br /><br />Quando fui para a Quinta do Monte Virgem comecei a saber os nomes das árvores, dos pássaros e dos animais ínfimos que habitam o solo, debaixo das folhas, entre as árvores que apodrecem, na terra cavada pela enxada. Às vezes mergulhava nesse mundo como se lhe pertencesse e isso chamou-me para o infinitamente pequeno. Comprei um microscópio. O mundo do microscópio desiludiu-me: Era como ir ao cinema, pior do que ir ao cinema, via um universo distante não estava nele. Estava do lado de cá a observar o lado de lá, era como observar a terra num planisfério. O mesmo se passou relativamente ao telescópio que comprei em saldos num supermercado. </span><span style="font-family:Trebuchet MS,Arial,Helvetica;"><span style="color: rgb(51, 0, 153);"><span style="color: rgb(51, 51, 51);font-family:times new roman;font-size:100%;" ><br /><br />Durante os nossos anos da Serra de Ossa quizemos curvar a nova vida. Sermos bichos de acordo com a natureza, lembro-me dos meus pesadelos de infância de estar debaixo da terra rodeado de animais repugnantes e como eles se foram convertendo em paz e húmus. Saber que a morte faz parte da vida é diferente de o sentir em cada dia e em cada estação do ano. No olhar do primeiro borrego que matei com a navalha recém afiada dissolvendo-se numa cavidade atrás da orelha. Na morte de todo o galinheiro feita por "saca-rabos" que deixaram todos os cadáveres intactos com excepção das marcas das garras no dorso das aves e o lugar nos pescoços onde lhes sugaram todo o sangue. Do fogo que destrui práticamente toda a floresta e o despontar dos primeiros rebentos nos jovens e negros sobreiros que cuidávamos mortos.<br /><br />No estado de animalidade e de ausência de mundo em que viviamos aprendemos o refúgio nos territórios do espirito. A convivência com a morte e com a vida, sugeria-nos a contemplação da eternidade e o sítio onde viviamos inspirava-nos como tinha inspirado muitas gerações de monges que antes de nós tinham habitado aquela casa e tinham amanhado, muitas vezes ajardinado, aquelas terras. Hoje estamos na acção.<br /><br />Para disparar uma seta é necessário dobrar o arco. Foi esta ideia e o texto da Arendt que cito como sub-titulo, que me inspirou na procura da relação entre e acção e a contemplação. Entre a seta e o arco. Entre a seta e o arco está a corda. A vida estará na tensão da corda?</span><b><br /></b></span></span>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-75587638624942948422009-05-05T15:52:00.009+01:002009-05-05T17:19:39.688+01:00A La Minuta 1<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS-xNlKLCWA-U7WOrTnvXWZ3SAWO9dtm9F-3UWX2UM7UucoNCyV4bUYUDCG6Av1CGuR-amiHqd4GZY3zVfkTiif0K8Gj3fW9Zkh-Od__4wzlAC32Bl-jcI3DiVzLk9X-0ma6d1w9MM_18/s1600-h/10382021.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS-xNlKLCWA-U7WOrTnvXWZ3SAWO9dtm9F-3UWX2UM7UucoNCyV4bUYUDCG6Av1CGuR-amiHqd4GZY3zVfkTiif0K8Gj3fW9Zkh-Od__4wzlAC32Bl-jcI3DiVzLk9X-0ma6d1w9MM_18/s320/10382021.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5332368580422700786" border="0" /></a><br /><div style="text-align: left;"><span style="font-weight: bold;font-family:georgia;" ><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></span><span style="font-size:78%;"><br />Lendo a sina de Caravaggio</span><br /><div style="text-align: left;"><span style="font-weight: bold;font-family:georgia;" ><br /><span style="font-size:85%;">“puta de vida!”</span></span></div> </div><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:georgia;">Surpreendo-me com a dureza do tom. Duas mulheres conversam. A mais nova, bela, tem na cara as marcas que me lembram as mães da Quinta da Serra: sai de noite e chega à noite a casa, pensei.<br />É fim de tarde, apresso-me para a minha aula de Aristóteles, estamos na Ética a Nicómano:</span><br /><span style="font-weight: bold;font-family:georgia;" >“vida boa (felicidade) é a finalidade última da actividade humana”</span> <span style="font-family:georgia;"><br /></span></span><br /><span style="font-size:78%;"><br /></span><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:georgia;">Lisboa, Estação de Metro de Entrecampos, 19 de Fevereiro 2009</span></span><br /><br /><div style="text-align: left;"><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-20447907839913689802009-05-05T15:36:00.002+01:002009-05-05T15:50:01.590+01:00De VoltaVolto ao meu "o que estamos a fazer?". Volto a casa. Releio os posts antigos. Dou um salto ao "voz da quinta" se o "futuro é um presente melhorado" o que será o passado?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-37472568275377238032008-12-21T23:35:00.001+00:002009-01-02T21:51:03.628+00:00Happy New Ear<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfkfmBBvG8DSFLkOms6O6D1ckErHDFq_4UIATy5u7_dtuKjKm4tLN2l1N8KXSGoLmTl0yERf1F5kLVVkXLeXtpD8_XeIYFQd_212TZev22-YK3dp70dqW2CCMbbWsQ0EypCVZS-gg4ECE/s1600-h/180px-Ear.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 180px; height: 282px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfkfmBBvG8DSFLkOms6O6D1ckErHDFq_4UIATy5u7_dtuKjKm4tLN2l1N8KXSGoLmTl0yERf1F5kLVVkXLeXtpD8_XeIYFQd_212TZev22-YK3dp70dqW2CCMbbWsQ0EypCVZS-gg4ECE/s320/180px-Ear.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286812646519846274" /></a><br /><br />Reproduzo o desejo de John Cage endereçado aos seus amigos, um desejo de renovação na forma de ouvir música, de ouvir. <br />Oxalá o novo ano nos traga um novo ouvido. <br />Um ouvido que nos permita ouvir o Outro: <br />- Não é precisamente a nossa surdez que o condena ao silêncio?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-88803640574162452752008-10-17T18:08:00.011+01:002008-10-17T19:56:43.416+01:00"Passatges" o memorial a Walter Benjamin de Karavan<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjN7WIMpZucfxkm9dJNn6APfR9wD-NDQpRHZxPejjpmNh4fFp09gbztY7pC-ivwSz-5KsOAkJ9Vw1wS0kcP8D5hi-3AjOaeQwyytla9w_qzae1wtbWCvqWv0tLMd7zx23oatnm2AjwTVo/s1600-h/DSCF2125.JPG"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjN7WIMpZucfxkm9dJNn6APfR9wD-NDQpRHZxPejjpmNh4fFp09gbztY7pC-ivwSz-5KsOAkJ9Vw1wS0kcP8D5hi-3AjOaeQwyytla9w_qzae1wtbWCvqWv0tLMd7zx23oatnm2AjwTVo/s320/DSCF2125.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5258171682545895970" border="0" /></a><br /><br />Costa Brava, fronteira catalã com a França, meio-dia solar.<br /><br />Em 1940 um refugiado judeu alemão chega a Port-Bou. Confiando no seu salvo-conduto apresenta-se às autoridades espanholas. Destino: Lisboa e daí para os Estados Unidos da América. A polícia avisa-o que o documento perdeu validade mas dado o seu estado de saúde é lhe permitido que pernoite na cidade. No dia seguinte, o sujeito é encontrado morto no <span style="font-style: italic;">Hotel de Francia,</span> hoje <span style="font-style: italic;">Casa Alejandro</span>. Causa: ataque cardíaco devido a uma <span style="font-style: italic;">overdose</span> de morfina. Nome: Walter Benjamin.<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-HvZvL0XJwinalQ6yaXABJB0oliabRbSZ1PUEQzCYzAaCK5Tx5lP2TOK1hzOVm4FUtXFG8K-bvfFOF0BMPb1n7L0YKyyQcy8Qb_3Evm4laA1op9ceq060vwZOpa30NcIl49qyvjzeKNQ/s1600-h/DSCF2127.JPG"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-HvZvL0XJwinalQ6yaXABJB0oliabRbSZ1PUEQzCYzAaCK5Tx5lP2TOK1hzOVm4FUtXFG8K-bvfFOF0BMPb1n7L0YKyyQcy8Qb_3Evm4laA1op9ceq060vwZOpa30NcIl49qyvjzeKNQ/s320/DSCF2127.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5258198361772451218" border="0" /></a><br /><br /><br />Escondida por trás da sepultura de Benjamin no cemitério de Port-Bou - para Hannah Arendt "um dos lugares mais belos que vi em toda a minha vida" - uma placa em plástico desbotado pelo tempo: <span style="font-style: italic;">nada, nem ninguém, esqueceremos. </span><span>Assinado:</span>Brigadas Internacionalistas Alemãs. Segue uma lista de cidades alemãs com nomes ilegíveis.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXROLXdWtzR7fOSeEnY6ysYXl1-Sfae_FVm11hZjpPX9L_c5vp1fHMSy8Jb1ioiZ8bSU3NveNJGGCom_MCPg5iwF_LoVX-biIgEhi-g9f4NkZCwo7FV_ej7kH-6E1Z3b34yWuIE04mMC8/s1600-h/DSCF2118.JPG"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXROLXdWtzR7fOSeEnY6ysYXl1-Sfae_FVm11hZjpPX9L_c5vp1fHMSy8Jb1ioiZ8bSU3NveNJGGCom_MCPg5iwF_LoVX-biIgEhi-g9f4NkZCwo7FV_ej7kH-6E1Z3b34yWuIE04mMC8/s320/DSCF2118.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5258193202489151330" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-style: italic;">We live in our time and we carry our memories with us. It is in our time that they listened to Bach, to Mozart and to Beethoven; read Goethe and Schiller; enjoyed Dürer, Leonardo and MichaelAngelo. Then, they closed the doors and turned the gas on.</span> <span style="font-style: italic;">(...)</span> <p style="font-style: italic;" align="justify">I cannot afford to be pessimistic.</p> <p style="font-style: italic;" align="justify">My dream is Peace and Tolerance and I hope that those who have similar dreams will wake when a new dawn will rise and our dream will become reality. I know it will not come by itself. I know that we will have to fight for it.</p><p align="justify">Dani Karavan<br /></p><p align="justify">L'Artiste et la Société Congrés mondial sur la condition de l'artiste<br />16 Juin 1997</p><p align="justify"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqaKerFch8CGHxzV0xQ2M9kEuAirw0DfEIm87245Z4-TB61QXKNM0H6kvvAD7GKUheOYJLEmnGBcaKLAVhg0gLVPvgk3c9Rt-7FN7TiezS4IfggMHOXZgV8SInAoo6YBCAsxMaDBDZYfg/s1600-h/DSCF2143.JPG"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqaKerFch8CGHxzV0xQ2M9kEuAirw0DfEIm87245Z4-TB61QXKNM0H6kvvAD7GKUheOYJLEmnGBcaKLAVhg0gLVPvgk3c9Rt-7FN7TiezS4IfggMHOXZgV8SInAoo6YBCAsxMaDBDZYfg/s320/DSCF2143.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5258185767854269074" border="0" /></a></p><p align="justify">Dani Karavan é o autor de <span style="font-style: italic;">Passatges</span> o monumento dedicado a Walter Benjamin em Port-Bou. Passagens é também o nome da <span style="font-style: italic;">magnum opus</span> de Benjamin: <span style="font-style: italic;">Paris Capitale du XIXe Siécle - Le Livre des Passages</span>. Uma obra inacabada.</p><p align="justify"><br /></p><p align="justify"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-21014606382451650662008-07-10T15:49:00.001+01:002008-07-10T15:49:28.163+01:00lefebvre 1972 - 1<div xmlns='http://www.w3.org/1999/xhtml'><p><object height='350' width='425'><param value='http://youtube.com/v/CiHfntd7jIs' name='movie'/><embed height='350' width='425' type='application/x-shockwave-flash' src='http://youtube.com/v/CiHfntd7jIs'/></object></p><p>Henri LefebvreThe (social) production of space<br /><br />Lefebvre has dedicated a great deal of his philosophical writings to understanding the importance of (the production of) space in what he called the reproduction of social relations of production. This idea is the central argument in the book The Survival of Capitalism, written as a sort of prelude to La production de l’espace (1974) (The Production of Space). These works have deeply influenced current urban theory, mainly within human geography, as seen in the current work of authors such as David Harvey and Edward Soja. Lefebvre is widely recognized as a Marxist thinker who was responsible for widening considerably the scope of Marxist theory, embracing everyday life and the contemporary meanings and implications of the ever expanding reach of the urban in the western world throughout the 20th century. The generalization of industry, and its relation to cities (which is treated in La pensée marxiste et la ville), The Right to the City and The Urban Revolution were all themes of Lefebvre's writings in the late 1960s, which was concerned, amongst other aspects, with the deep transformation of "the city" into "the urban" which culminated in its omni-presence (the "complete urbanization of society").<br /><br />In his book The Urban Question (translated into English very early, in contrast with Lefebvre's works), Manuel Castells heavily criticizes Lefebvre's theoretical arguments contained in the books published in the 1960s about the contemporary city from a Marxist standpoint. Castells' criticisms of Lefebvre's subjective approach to Marxism echoed the Structuralist school of Louis Althusser, of which Lefebvre was an early critic. Many responses to Castells are provided in The Survival of Capitalism, and some may argue that the acceptance of those critiques in the academic world would be a motive for Lefebvre's effort in writing the long and theoretically dense The Production of Space.<br /><br />In The Production of Space, Lefebvre contends that there are different levels of space, from very crude, natural space ('absolute space') to more complex spatialities whose significance is socially produced ('social space').[9]<br /><br />Lefebvre's argument in The Production of Space is that space is a social product, or a complex social construction (based on values, and the social production of meanings) which affects spatial practices and perceptions. As a Marxist philosopher (but highly critical of the economicist structuralism that dominated the academic discourse in his period), Lefebvre argues that this social production of urban space is fundamental to the reproduction of society, hence of capitalism itself. Therefore, the notion of hegemony as proposed by Antonio Gramsci is used as a reference to show how the social production of space is commanded by a hegemonic class as a tool to reproduce its dominance.<br /><br /> "Social space is a social product - the space produced in a certain manner serves as a tool of thought and action. It is not only a means of production but also a means of control, and hence of domination/power."<br /><br />Lefebvre argued that every society - and therefore every mode of production - produces a certain space, its own space. The city of the ancient world cannot be understood as a simple agglomeration of people and things in space - it had its own spatial practice, making its own space (which was suitable for itself - Lefebvre argues that the intellectual climate of the city in the ancient world was very much related to the social production of its spatiality). Then if every society produces its own space, any "social existence" aspiring to be or declaring itself to be real, but not producing its own space, would be a strange entity, a very peculiar abstraction incapable of escaping the ideological or even cultural spheres. Based on this argument, Lefebvre criticized Soviet urban planners, on the basis that they failed to produce a socialist space, having just reproduced the modernist model of urban design (interventions on physical space, which were insufficient to grasp social space) and applied it onto that context:<br /><br /> "Change life! Change Society! These ideas lose completely their meaning without producing an appropriate space. A lesson to be learned from soviet constructivists from the 1920s and 30s, and of their failure, is that new social relations demand a new space, and vice-versa."<br /><br />WIKIPEDIA</p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-57932417553751766572008-07-10T15:37:00.001+01:002008-07-10T15:37:11.059+01:00lefebvre 1972 - 2<div xmlns='http://www.w3.org/1999/xhtml'><p><object height='350' width='425'><param value='http://youtube.com/v/9nrpcFSyYa8' name='movie'/><embed height='350' width='425' type='application/x-shockwave-flash' src='http://youtube.com/v/9nrpcFSyYa8'/></object></p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-84941670098947600612008-07-10T15:36:00.001+01:002008-07-10T15:36:22.190+01:00lefebvre 1972 - 3<div xmlns='http://www.w3.org/1999/xhtml'><p><object height='350' width='425'><param value='http://youtube.com/v/-_0zW375RHs' name='movie'/><embed height='350' width='425' type='application/x-shockwave-flash' src='http://youtube.com/v/-_0zW375RHs'/></object></p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-9483655288903453342008-07-10T15:34:00.001+01:002008-07-10T15:34:47.580+01:00lefebvre 1972 - 4<div xmlns='http://www.w3.org/1999/xhtml'><p><object height='350' width='425'><param value='http://youtube.com/v/v2rLs95Op_o' name='movie'/><embed height='350' width='425' type='application/x-shockwave-flash' src='http://youtube.com/v/v2rLs95Op_o'/></object></p></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-52867176786860918232008-05-20T11:59:00.003+01:002008-05-20T12:05:13.631+01:00A Cidade de Deus<span class="Apple-style-span" style="color: rgb(51, 51, 51); font-family:'Trebuchet MS';font-size:13px;"><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; font: normal normal normal 12px/normal 'Times New Roman'; color: rgb(51, 51, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">“Assim como na Cítara, nas flautas, no canto e nas próprias vozes se deve guardar certa consonância de sons diferentes, sob pena de a mudança ou a discordância ferirem ouvidos educados, e tal consonância graças a combinação dos mais dessemelhantes sons, se torna concorde e congruente, assim também igual tonalidade na ordem política admitida entre as Classes alta, média e baixa suscitava o congraçamento dos cidadãos. E aquilo que no canto os músicos chamam harmonia era na cidade a concórdia, o mais suave e estreito vínculo de coexistência em toda a república, que sem justiça, não pode em absoluto subsistir.”</span></span></p><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; font: normal normal normal 12px/normal 'Times New Roman'; color: rgb(51, 51, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family: georgia; font-style: italic;"><br /></span></p><p style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; font: normal normal normal 12px/normal 'Times New Roman'; color: rgb(51, 51, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">Santo Agostinho, A cidade de Deus</span></span></span></p></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-18552051655401082242008-05-20T08:57:00.004+01:002008-05-20T11:43:06.830+01:00O Plano Tecnológico Nacional, Cultura e InclusãoJosé Carlos Zorrinho o coordenador do Plano Tecnológico falando sobre o tema Sociedade de Informação e Redes Competitivas na Faculdade de Letras na Universidade de Lisboa em 19 de Maio revelou dois aspectos importantes e menos óbvios do Plano, a saber,<div><br /></div><div>1. Que os aspectos da justiça social e da distribuição da riqueza não fazem parte das preocupações do Plano.</div><div><br /></div><div>2. O sector da Cultura e das chamadas Industrias Culturais não foi considerado devido à sua incipiência e fragmentação.</div><div><br /></div><div>Começo pelo segundo aspecto. José Carlos Zorrinho apresenta o Plano Tecnológico como uma narrativa assente na natureza de ser português. Esta aproximação é evidentemente uma inovação relativamente a uma visão tecnocrática de definição de grandes objectivos estratégicos para o país. Se não pusermos em causa se o governo viu bem os elementos relevantes da nossa identidade ou se são lugares comuns que pelo contrário a obscurecem, teremos de louvar que seja esse o ponto de partida. Mas se o Plano Tecnológico se assume como uma narrativa importa saber qual a legitimidade do narrador.</div><div><br /></div><div>A identidade duma comunidade está assente na sua memória e naquilo que, da sua história, essa comunidade destaca como relevante: a narrativa sobre o seu passado. Mas a identidade é sobretudo presente e forja-se na alteridade: uma narrativa sobre nós próprios em relação ao outro ao que nos diferencia. A terceira componente da identidade prende-se com o futuro que é também a dimensão da promessa e do compromisso: uma narrativa mobilizadora sobre as possibilidades duma comunidade no futuro.</div><div><br /></div><div>Quando se assume o Plano Tecnológico como narrativa o ênfase está naturalmente no futuro mas as outras duas componentes de narrativa de presente e passado estão subjacentes. A eficácia e mesmo a fecundidade duma narrativa mede-se pela sua capacidade de mobilização e esta por sua vez depende da maneira como nos sentimos "representados" na narrativa.</div><div><br /></div><div>A eficácia do narrador do Plano Tecnológico, a capacidade de mobilização do governo para os objectivos e desafios nele contidos está dependente da forma como os portugueses se vêm representados na narrativa. Dependem de o plano ter sido feito "de baixo para cima" ou "de cima para baixo".</div><div><br /></div><div>António Ferro, Director do Secretariado Nacional da Propaganda mais tarde Secretariado Nacional da Informação (SNI) de Salazar foi responsável pela maior revisão histórica portuguesa do sec XX. O revisionismo cultural de Ferro que servia naturalmente as necessidades políticas do regime não caiu com o 25 de Abril e as permanências assumem hoje a forma dos lugares comuns sobre a nossa identidade.</div><div><br /></div><div>O Plano Tecnológico e a Estratégia de Lisboa é uma oportunidade perdida de rever os lugares comuns e ao mesmo tempo criar uma narrativa mobilizadora.</div><div><br /></div><div>As desconsideração da dimensão cultural ancorada na fragmentação e incipiência do sector, coisa que justificaria a política oposta, revela uma significativa miopia política relativamente ao impacto do sector cultural na criatividade e inovação nas sociedades contemporâneas o que seria passável se o Plano se assumisse como um exercício tecnocrático de pensar o futuro de Portugal num mundo global. Considerado como uma narrativa a ausência da cultura faz do Plano Tecnológico um produto errado na embalagem certa.</div><div><br /></div><div>O mesmo espírito parece estar presente na abordagem das questões de justiça social. Como fazer um programa para a competitividade sem abordar as questões da distribuição da riqueza e da inclusão? Num mundo cada vez mais globalizado, numa Europa que envelhece devido a uma taxa de natalidade inferior à da mortalidade, num Portugal que se quer pensar numa escala da Lusofonia a questão da inclusão e do diálogo intercultural é central. O "outro" é uma oportunidade ou uma ameaça, cidadania e negociação de espaço público fazem a diferença. Esta questão política central reconduz-nos às questões culturais de que falámos antes. Diversidade gera criatividade e esta gera uma cultura vibrante e cidades e economias competitivas. O nosso plano tecnológico passando ao lado disto parece deitar fora o bébé com a água do banho.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-32543027463438115842008-04-20T17:31:00.003+01:002008-04-20T18:15:55.647+01:00Sobre a violência e o Movimento Esperança Portugal - MEP<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBHau2E2E7mvghuiUOfqiqzjuBJA4KlnoVgTwZnYDXhFqV1D7icId9jp2nRuejXbEdZWHVRfZmyExqshfpf3ucK7D1T2gdwRBIiu4dU1CELfOqq60nr0ur-l8k-Ha5sTQ6FES5q1pT8qg/s1600-h/DSCF1941.JPG"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBHau2E2E7mvghuiUOfqiqzjuBJA4KlnoVgTwZnYDXhFqV1D7icId9jp2nRuejXbEdZWHVRfZmyExqshfpf3ucK7D1T2gdwRBIiu4dU1CELfOqq60nr0ur-l8k-Ha5sTQ6FES5q1pT8qg/s400/DSCF1941.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5191377388525977810" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Nos ultimos dias tem-se falado muito de violência. Os cidadãos têm uma expectativa, justa, que a polícia e a justiça sejam capazes de agir para dissuadir a violência e para a reprimir. Consideramos muitas vezes, que o problema da violência é um problema sobre o qual não podemos fazer nada como cidadãos, compete ao governo resolver. Por outro lado existindo nas cidades territórios, guetos, que costumamos associar à criminalidade organizada e à violência, inferimos que se eliminarmos esses guetos eliminamos a causa do mal.<br /><br />Todas estas observações têm a sua verdade mas enfermam do defeito de ver as coisas à superficie. Tentemos senti-las por dentro.<br /><br />O desempenho no combate à violência é proporcional à informação que se detêm. Não se pode dissuadir nem reprimir a violência trabalhando às cegas ou duma maneira míope. Os territórios que estão fora da esfera e do espaço público, sejam eles guetos ou condomínios fechados, têm uma cultura de segurança especifíca, ou seja, privada. No caso concreto dos guetos o crime organizado procura através da apropriação dos meios de violência, assegurar as condições para o desenvolvimento do "negócio", o que pressupões a atracção de investimentos e de mão de obra qualificada. A mão de obra das actividades criminosas organizadas é recrutada na área de influência do "negócio" e funciona como sustento de pessoas ou famílias que doutra maneira não conseguem sobreviver. Sobre isto, funciona o efeito de demonstração: a situação de desafogo financeiro e dinheiro fácil conquistada por alguns, serve como exemplo para os outros. O conjunto é servido por uma narrativa "heróica" de exaltação de violência, uma cultura de violência.<br /><br />No MEP quando falamos numa "mesa com lugar para todos", como elemento fundador da justiça e da procura do bem comum, não ignoramos a existência dessa "outra mesa". A mesa posta pela violência e crime organizados para os excluidos, desesperados e também para o lúmpen. Colocada a nível político "mesa com lugar para todos" é um espaço público, cultural e politico, de diálogo e acção. É a nossa Polis. Por isso diz respeito a todos os cidadãos como espaço público de liberdade. A violência que se sente nos territórios de exclusão e que pouco a pouco vai contaminando toda a cidade, é o resultado do recuo do espaço público. O resultado duma sociedade dual com o "lado de cá" e o "lado de lá" com um muro ao meio que obscurece o outro lado. A responsabilidade desse facto tem de ser assumida por todos e a solução passa por todos.<br /><br />No MEP quando falamos em "cultura de pontes" falamos de "derrubar o muro", de construir na fronteira as condições do diálogo. Para isto temos de compreender que a cultura de purificação da cidade que pretende excluir o "outro" gera identidades de resistência e estas geram violência, que a injustiça na repartição da riqueza aproxima o "outro" da "outra mesa".<br />A melhor forma de combater a violência é através da negociação da esfera pública o que pressupõe que todos tenham voz e capacitação para a afirmar. Significa assumir a diferença como um ponto de partida positivo. Significa assumir o diálogo como acção política.<br /><br />No MEP acreditamos na capacidade das comunidades locais discutirem e decidirem as questões que lhe dizem directamente respeito. Acreditamos na subsidariedade como elemento estruturante duma democracia representativa. As questões da violência que nós vivemos hoje dificilmente se resolverão mudando as leis ou os regulamentos a nível superestrutural. Temos de procurar soluções inteligentes que passem por uma responsabilização de todos. Comunidades fortes e coesas socialmente geram elevados níveis de segurança, a auto-regulação é a melhor forma de regulação em sistemas complexos. A polícia e os tribunais não podem olhar para os territórios de exclusão como "caixas pretas" onde só se vê o que entra e o que sai, mas não se sabe como funciona. Tem de existir proximidade e discernimento. Sem isso corremos o risco de que as medidas que forem tomadas, ainda que animadas de boa vontade, resultem no contrário do que pretendemos: Menos violência, Mais Justiça e Mais Cidadania.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-31690012426802606192008-04-20T17:10:00.003+01:002008-04-20T17:29:53.942+01:00Hannah no Bairro - Preâmbulo para um relatório de mestrado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjswhPJpymHpKXtj99s03J4Wi-7FyA70Z-nqUnBnev7fX9sBecLxnw90vgdALPHtWDKKey_QiEP6vLBUcoUoK4oKi51hiDMD7yjnKRlx4zJjG9NQiMcccfDEnmsnll3raGjU0bRV5mFheM/s1600-h/DSCF1939.JPG"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjswhPJpymHpKXtj99s03J4Wi-7FyA70Z-nqUnBnev7fX9sBecLxnw90vgdALPHtWDKKey_QiEP6vLBUcoUoK4oKi51hiDMD7yjnKRlx4zJjG9NQiMcccfDEnmsnll3raGjU0bRV5mFheM/s320/DSCF1939.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5191364855811408050" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />“... Tenho de escolher o que detesto – ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.<br />Resulta que como detesto ambos, não escolho nenhum; mas como hei-de em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com a outra.”<br /><br />Bernardo Soares, Livro do Desassossego<br /><br /><br />Sob o signo de Pessoa, sob o signo do desassosssego, entre o sonho e a acção, “Hannah no Bairro” é o testemunho fragmentário dum projecto de vida que confrontado com os limites da acção social abre o seu estabelecimento no campo da política. É ao mesmo tempo, o lugar de apropriação dos corpus teóricos leccionados no primeiro semestre das aulas de Mestrado de Gestão do Território e Urbanismo no ano lectivo 2007/08.<br /><br />O “Bairro”, o Bairro da Quinta da Serra, desafia interpretações simplistas. As ciências sociais, espaços de conforto, segregam um determinismo que nos atrai para as leis gerais, para os grandes números e nisso nos afasta da acção. Hannah, Hannah Arendt, a sua teoria política ilumina o nosso caos: porque se todo o sujeito é determinado pela sua condição, a natureza humana é transcendente. Essa transcendência permite-nos, através da acção, mudar a nossa circunstância.<br /><br />Hannah no Bairro é um território habitado por sujeitos de quem sabemos o nome. Um território de violência e medo, de alegria e dança. Vibrando intensamente entre a morte e a vida. De mães coragem, no labor infinito que as embrutece, que fizeram a sua trincheira no futuro dos seus filhos. Onde resistem. Dos jovens guerreiros, narrativas exaltantes dos feitos e das vitórias, presos. Presos na violência do silêncio. Presos nas nossas prisões, sem julgamento durante o tempo que leva a gerar uma criança no ventre materno. Presos nos códigos de irmandade do gang ou do gueto que os impede de “chibar” mesmo na injustiça da condenação dum inocente. Dos meninos e meninas manifestação exaltante de todas as nossas possibilidades no futuro. Matéria de todo o perdão e de todas as promessas. O riso das crianças, o choro das crianças, os gritos das crianças, o cheiro da primavera no cabelo das crianças, a primeira nota positiva a português, a primeira reunião de pais na escola com o seu nome próprio, todo rodeado de esperança. Os meninos e meninas que animam a vontade de pôr um pé na porta, para que não se feche, para que nenhum fique para trás.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-31930862957999443792008-04-19T23:39:00.005+01:002008-04-20T00:34:02.176+01:00Iluminações - Rimbaud<div style="text-align: left;"><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipfBcjuvjq7ofHXKVAW-e_Z3vxqfzekUIZZb4cHxlzL33bwQSziimElXTWszXz3tLLlc5hExzUNVFBKHVNu4vB1htpm0aKDLDH3fPwHmesydOTvVZ6gyVmvNUPLXaHqvgXopYnIoXdBkg/s1600-h/DSCF1454.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipfBcjuvjq7ofHXKVAW-e_Z3vxqfzekUIZZb4cHxlzL33bwQSziimElXTWszXz3tLLlc5hExzUNVFBKHVNu4vB1htpm0aKDLDH3fPwHmesydOTvVZ6gyVmvNUPLXaHqvgXopYnIoXdBkg/s320/DSCF1454.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5191095342318616722" border="0" /></a><br /></div><br /><br />Bárbaro<br /><br />Muito depois dos dias e estações, e os seres e os paises,<br />O pavilhão em carne viva sobre a seda dos mares e das flores árticas; (que não existem)<br />Repostas velhas fanfarras de heroismo, - e que nos atacam ainda o coração e a cabeça,- longe dos antigos assassinos,-<br />Oh! O pavilhão em carne viva sobre a seda dos mares e das flores árticas; (que não existem),<br />Doçuras!<br />Os braseiros, chovendo nas tempestades de granizo. Doçuras! – Estes fogos na chuva do vento de diamantes lançados pelo coração terrestre eternamente carbonizados para nós. – ó mundo!<br />(Longe das velhas retiradas e das velhas chamas, que se ouvem que se sentem.)<br />Os braseiros e as espumas. A musica, viração de vórtices e choque de gelos nos astros.<br />Ó doçuras, ó mundo, ó musica! Ali, as formas, os suores, as cabeleiras e os olhos, flutuando. E as lágrimas brancas, fervendo, - ó doçuras! – e a voz feminina chegada ao fundo dos vulcões e das grutas árticas…- o pavilhão…<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipfBcjuvjq7ofHXKVAW-e_Z3vxqfzekUIZZb4cHxlzL33bwQSziimElXTWszXz3tLLlc5hExzUNVFBKHVNu4vB1htpm0aKDLDH3fPwHmesydOTvVZ6gyVmvNUPLXaHqvgXopYnIoXdBkg/s1600-h/DSCF1454.JPG"><br /></a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-86559106710070771442008-01-09T12:50:00.001+00:002008-01-09T16:29:36.053+00:00Memória e Esfera PúblicaA Identidade, seja individual seja colectiva, forja-se em dois movimentos distintos que se alimentam mutúamente. Um dirige-se ao passado e às memórias, outro dirige-se ao mundo e ao encontro com o "outro". As narrativas individuais e colectivas são já um produto da acção da identidade sobre a memória, pesquisa e exaltação de relevâncias que são resultado do exercício da vontade. A formação da identidade exige uma esfera pública em que o encontro com o "outro" revele aquilo que existe de diferente em nós. Quanto mais "mundo" esse encontro tiver, mais essa diferença se poderá afirmar como única. À medida que avançamos no mundo avançamos na nossa narrativa e crescemos na ideia de nós próprios como sujeitos políticos.<br /><br />Aqui no bairro começámos o ano passado a agir no domínio da memória e das narrativas, nomedamente com as <a href="http://bichosdeconto.blogspot.com/">histórias,</a> e fomos pressintindo o que pode acontecer se esse movimento fôr feito com ausência ou deficit de mundo: pouco a pouco emergem vínculos de exaltação da identidade como seita. O "nós contra o mundo" corresponde a uma hipervalorização das nossa identidade relativamente ao "outro", que desconhecemos e não queremos conhecer. Se a hipervalorização for absoluta e o outro tender para zero, as possiblidades de exercício de violência sobre o "outro" são grandes e emerge a narrativa, muito mobilizadora, de que o caminho se faz contra o outro, contra a diferença. Esta "descoberta" fez-nos olhar para fora do bairro.<br /><br />Faz quase um ano fomos a uma reunião na Costa da Caparica a pretexto dum concurso de fotografia. Eu e quatro jovens pré-adolescentes aqui do bairro. Como a reunão tinha sido marcada a uma hora que não tinha permitido que eles almoçassem depois da saída da escola, após a reunião fomos a um supermercado. Decidi que seriam eles a fazer as compras dei-lhes dinheiro e mantive alguma distância deles para que se sentissem livres de comprar o que mais lhes conviesse.<br />Estavam pois aparentemente sózinhos no supermercado. A entrada deles foi impressionante porque todo o supermercado pareceu reordenar-se em função deles, dos seguranças às caixas passando pelos olhares de alguns clientes.<br /><br />Tudo correu muito bem. Eles compraram as coisas certas para o dinheiro que tinham pagaram e sairam. Para tornar o evento perfeito um deles à saida perguntou a uma senhora de certa idade carregada de compras se precisava de ajuda? A resposta veio suave: "Não, meu filho, mas és muito querido."Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-45568757610180809312007-12-18T19:51:00.000+00:002007-12-18T19:59:40.929+00:00"Todo o ser humano está debaixo da sua cúpula de céu"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNjGpLsAuFLQVMtopbmNVOYcIi8O29r49mpupkdmVspK95Hv7f3KpuXo0CwyOnNtRXuWEr1KIkieOYTYtM1H8g766qbI42nAF_91TyjlLgOUS8lN0XswMswUB5z4VHh2RPZP_-LUHud_c/s1600-h/amrheim.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNjGpLsAuFLQVMtopbmNVOYcIi8O29r49mpupkdmVspK95Hv7f3KpuXo0CwyOnNtRXuWEr1KIkieOYTYtM1H8g766qbI42nAF_91TyjlLgOUS8lN0XswMswUB5z4VHh2RPZP_-LUHud_c/s320/amrheim.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145403649968754050" border="0" /></a><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:100%;"><br />Anselm Kiefer, 1970, </span><br />Aguarela, guache, lápis de grafite e papel</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-28243975312172035012007-12-18T11:10:00.000+00:002007-12-18T13:48:33.079+00:00Histórias & Lanternistas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_nZ6SjkUPauOsYG_NfusJJOno-DDy-Bga4ZkfonznZ62iOzb5ND5qUVmPMNc1Wv6YAggproPdyPxodLUx-1kgfgepd8-agjHtGivZmxYLKEU6yWNgjolZXx_0HQ-4WFTu8N24cgKWMzo/s1600-h/klee.gif"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_nZ6SjkUPauOsYG_NfusJJOno-DDy-Bga4ZkfonznZ62iOzb5ND5qUVmPMNc1Wv6YAggproPdyPxodLUx-1kgfgepd8-agjHtGivZmxYLKEU6yWNgjolZXx_0HQ-4WFTu8N24cgKWMzo/s320/klee.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145269054283631922" border="0" /></a><br /><br />"There is a painting by Klee called <i>Angelus Novus</i>. It shows an angel who seems about to move away from something he stares at. His eyes are wide, his mouth is open, his wings are spread. This is how the angel of history must look. His face is turned toward the past. Where a chain of events appears before <i>us, he</i> sees on single catastrophe, which keeps piling wreckage upon wreckage and hurls it at his feet. The angel would like to stay, awaken the dead, and make whole what has been smashed. But a storm is blowing from Paradise and has got caught in his wings; it is so strong that the angel can no longer close them. This storm drives him irresistibly into the future to which his back is turned, while the pile of debris before him grows toward the sky. What we call progress is <i>this</i> storm." W. Benjamin <p><span style="font-size:78%;">--f</span><span style="font-size:78%;">rom Walter Benjamin 1940 work, "On the Concept of History," <i>Gesammelte Schriften</i> I, 691-704. SuhrkampVerlag. Frankfurt am Main, 1974. Translation: Harry Zohn, from Walter Benjamin, <i>Selected Writings</i>, Vol. 4: 1938-1940 (Cambridge: Harvard University Pres, 2003)</span></p><p>Benjamin descreve o <span style="font-style: italic;">Angelus Novus</span> de Klee. Só quem lembra, pode olhar o futuro na cara; só quem olha o futuro pode, verdadeiramente, lembrar. O que impedirá que as lembranças se transformem em nostalgias e esquecimento? A Esperança é talvez o vento que sopra do Paraíso? Não será o "progresso" em Benjamin uma forma de Esperança?<br /></p><p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEbFYhGyF6cDbfLKICcD14V7R5yFN7kccXqfRU9xYPN8IHb8FCtpr_ImCSFLCX9Kc1PDGr1otu5eJs2UNbSqc_kE3RIQRIQ9L_Gbi4xfrO8f8u1RssUwyRe3pV-qjb1XOKvO5YeToXjIk/s1600-h/acabei!.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEbFYhGyF6cDbfLKICcD14V7R5yFN7kccXqfRU9xYPN8IHb8FCtpr_ImCSFLCX9Kc1PDGr1otu5eJs2UNbSqc_kE3RIQRIQ9L_Gbi4xfrO8f8u1RssUwyRe3pV-qjb1XOKvO5YeToXjIk/s320/acabei!.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145294935756557634" border="0" /></a></p>Falámos na importância da memória como base da identidade. Memória gera uma cultura uma maneira especifica de apropriação do real e de agir sobre ele. Assumindo que a memória se constroi com base em informação, importa saber em que medida a volatilidade da informação hoje, e o seu carácter, impedem a formação de culturas. Alguns académicos têm vindo a chamar às memória culturais que decorrem da sobreinformação contemporânea, memórias culturais "frias" em oposição à memória cultural "quente" a qual seria a única a ter a virtualidade de formar a cultura.<br /><br />Talvez esta tese olhe para o sujeito exclusivamente como consumidor de informação e não, também como produtor ou pelo menos decisor da informação que quer consumir. Se virmos o ser humano no sentido pleno, isto é, dotado de memória, identidade e vontade, será de admitir que a cultura que lhe é imanente lhe permita escolher entre a informação disponível, a que mais lhe convém. Neste sentido a multiplicidade de estimulos baseados na informação deixa de ser uma ameaça à cultura para ser uma oportunidade.<br /><br />As crianças e os jovens têm hoje uma habilidade para lidar com a informação muito superior à dos seus pais. Habituados a muitos estimulos informacionais provenientes de multiplas fontes, vão discernindo, através duma detecção intuitiva de padrões ou bits relevantes, percursos possíveis que podem ser marcados por um exercicio permanente de escolha e de interacção. Faz sentido aproveitar esta competência e procurar desenvolvê-la. Como fazer?<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjTic25XCf2HRCwAqjiAIA_VCqOvwjXxVfQfZeYpiNHwLCfpvKLq1OpmLtw7fRInTjPigx3dqgUZpD7ya8ksmmniJAxhriiCf3UwFsNRpkP2TTda_SYRyqjHgoCj8ch8qVZSNTjCpd37g/s1600-h/sorraia.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjTic25XCf2HRCwAqjiAIA_VCqOvwjXxVfQfZeYpiNHwLCfpvKLq1OpmLtw7fRInTjPigx3dqgUZpD7ya8ksmmniJAxhriiCf3UwFsNRpkP2TTda_SYRyqjHgoCj8ch8qVZSNTjCpd37g/s320/sorraia.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145295202044530002" border="0" /></a><br /><br /><br />Acredito nas possibilidades da auto-aprendizagem. Olhados do ponto de vista da competência de lidar com informação os pais, professores e educadores fazem má figura relativamente aos mais jovens. São menos destros, mais cartesianos, menos intuitivos e têm mais medo de errar. A relação entre as crianças e os jovens e a informação é biónica, na justa medida da transparência dos suportes tecnológicos. Como o telefone é transparente para a minha geração. Quem é que se lembraria de se pôr a ler o manual do telefone antes de telefonar a um amigo? pois é essa estranheza que as crianças sentem quando começamos pela leitura do manual da consola ou do computador como fase prévia à sua utilização.<br /><br />Acredito nas possibilidades de auto-aprendizagem. Descobrir relevâncias e padrões no mar de informação é um exercicio de escolha e portanto de capacitação que pressupõe capacitação, cultura, e um contexto rico e estimulante. A separação muito nítida que o nosso sistema escolar faz entre literacia e criatividade, tenderá a esbater-se à medida que a escola for uma forma de aquisição de competências básicas com necessidade percebida ou, pelo menos, perceptível no tempo.<br /><br />Acredito nas possibilidades de auto-aprendizagem porque cada ser humano é único e têm em si a capacidade de agir duma forma completamente nova. Essa potencialidade pode ser exaltada através da criação de contextos de aprendizagem, de diálogo e de partilha para sujeitos de todas as idades e entre todas as idades.<br /><br />O que estamos fazendo. aqui na Quinta da Serra. com as <a href="http://bichosdeconto.blogspot.com/">histórias</a> e os <a href="http://oslanternistas.blogspot.com/">lanternistas</a> acho que tem muito a ver com isto.<br /><p><br /></p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-36667689012178952432007-12-06T09:16:00.000+00:002007-12-06T09:32:55.614+00:00Habitação<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1Uz8PRO1H0zNfRJIAzjw3BfloqO_T5WBzGo-FsV7VNppPZTjLmelTqG2q1J70x6QZqlTIMVNqNf7zYaathy4xTksK_lKfVruAdV7oJ5gvSZRGMOLJ-OGwgtWNb-XjhGemgo-8FWa_lAU/s1600-h/A2+Frank+Lloyd+Wright+-+Broadacre+City+2.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1Uz8PRO1H0zNfRJIAzjw3BfloqO_T5WBzGo-FsV7VNppPZTjLmelTqG2q1J70x6QZqlTIMVNqNf7zYaathy4xTksK_lKfVruAdV7oJ5gvSZRGMOLJ-OGwgtWNb-XjhGemgo-8FWa_lAU/s320/A2+Frank+Lloyd+Wright+-+Broadacre+City+2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140790276593849346" border="0" /></a><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-weight: bold;font-size:78%;" >BroadAcres city Frank Lloyd Wright</span><br /><br />Ontem na RTP Àfrica numa entrevista, perguntava-se como resolver a questão da habitação nos bairros degradados. Alguém respondia de uma maneira luminosa: “perguntando isso mesmo aos habitantes desses bairros”.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">A resposta encerra um programa político porque pressupõe um contexto de escolha e de cidadania. A escolha pressupõe a existência de alternativas e a cidadania exige a capacitação desses habitantes, o que só se poderá fazer a partir de práticas concretas: da acção em comum em esfera pública.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-58019847308456855552007-12-03T09:40:00.000+00:002007-12-03T09:59:30.172+00:00Ainda o conceito de poder em Arendt<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi32y0fsSumDFYpXsHycWNPA4bY4_RYCwgeQMXKc4iixv-wBvPywK0der9ceW3bJX1WW4FfOae3Qq0Hgfjyf4CtgLkFncsB3m4LQqg6a_cfBRK3MWnnd7Iy4EwFK4-j0sEK0VA-jCVsGW0/s1600-r/campo3.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh52rJLpUOw2NTUc-OOEO0l_8wpOkZeeznl1j6RqNZumZ39sFh93q-KplGUnfGtsOMhwxacZrp7ZN7ptNW8ru3OhAt486cyqzINcFKloOKzEVVB4PSb9oDZX_8fOb8ivkXj7s1_aQsZtVY/s320/campo3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139683755579446194" /></a><br /><br />1. Para Arendt o poder existe sempre que dois ou mais sujeitos se reunem e decidem agir em conjunto. Neste processo gera-se um espaço publico, virtual e simbólico.<br /><br />2. O poder e o espaço público assim definidos têm carácter precário, desaparecem com a dispersão dos sujeitos ou a cessação da acção. Entendendo-se aqui acção não só a praxis mas também o discurso no sentido de lexis “palavras (que) não são empregadas para velar intenções mas para revelar realidades”. De resto Arendt assume que “o poder só é efectivado enquanto a palavra e o acto não se divorciam, quando as palavras não são vazias e os actos não são brutais” (CH pag 250). <br /><br />3. Para Arendt as várias formas de organização da esfera pública, incluindo as várias formas de governo, repousam sobre o poder que as precede e legitima e só podem ser animadas pelo suporte e envolvimento activo dos cidadãos.<br />“It is the people's support that lends power to the institutions of a country, and this support is but the continuation of the consent that brought the laws into existence to begin with … All political institutions are manifestations and materializations of power; they petrify and decay as soon as the living power of the people ceases to uphold them” (CR, 140). <br /><br /><br />4. Poder, potentia em latim, dynamis em grego, existe assim no momento em que se efectiva e não se pode guardar como acontece com os instrumentos de violência. Poder é antes do mais uma possibilidade, um potencial de poder.<br /><br />5. A precaridade do poder estabelece também uma grande independência deste relativamente aos meios materiais, de tal modo que por exemplo uma revolta popular contra governantes materialmente muito fortes pode gerar um poder virtualmente irresístivel.<br /><br />6. O poder é a condição humana da pluralidade e pode ser dividido sem ser reduzido, pelo contrário em contexto dialéctico, a divisão do poder pode gerar mais poder.<br /><br />7. Para Arendt nas condições da vida humana a única alternativa ao poder é a força. Um ser humano ou grupo organizado pode pela apropriação de instrumentos de violência destruir o poder mas não pode, nunca, substitui-lo. A tirania resulta da combinação da violência com a impotência.<br /><br />8. O que caracteriza a tirania como forma de governo é a ausência de espaço público de aparição e de esfera pública, o que condena governantes e governados ao total isolamento. A tirania contraria assim a condição humana da pluralidade, destrói a polis e com isso gera a impotência.<br /><br />9. A violência pode destruir o poder com mais facilidade que destroi a força. “A força como atributo natural do ser humano pode enfrentar a violência com maiores possibilidades de êxito do que tem ao enfrentar o poder - seja heróicamente, dispondo-se a lutar e a morrer, seja estoicamente, aceitando o sofrimento e desafiando todos os tormentos através da auto-suficiência e afastamento do mundo” CH pag 254).Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-74229953440718812272007-11-14T10:29:00.000+00:002007-11-14T11:36:54.750+00:00A história das histórias<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-5EvCIx1S9UMJT3gyXuyY5uVAUYsx4Y_BNh8t1IkXnquRrYusmaq0w84I1CkyzXyPibeHU-IzIy0XV9yK2QT2kmKHDfBvdAs7AbFKrMtp4tzUfFC2-d1RB3h7MbgcHZ0Q9MadDiGAjZc/s1600-h/Eunice.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-5EvCIx1S9UMJT3gyXuyY5uVAUYsx4Y_BNh8t1IkXnquRrYusmaq0w84I1CkyzXyPibeHU-IzIy0XV9yK2QT2kmKHDfBvdAs7AbFKrMtp4tzUfFC2-d1RB3h7MbgcHZ0Q9MadDiGAjZc/s320/Eunice.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5132657195261891986" border="0" /></a><br /><span style="font-size:85%;">Desenho Eunice Lourenço</span><br /><br />Estamos no projecto À Bolina da Quinta da Serra a fazer um inventário de histórias. A ideia foi inspirada no trabalho de <a href="http://www.appadurai.com/">Arjun Appadurai</a> um antropólogo Indiano que tem uma notável reflexão sobre o papel da memória na construção da identidade migrante na sua relação com o sentido de perda.<br /><br />As histórias, que já vão na nº7 com a "História da Princesa e do Criado", são-nos contadas por pessoas do bairro, são fixadas pela Sorraia e pela Carmo, são lidas e ilustradas pelas crianças e jovens do apoio escolar e são editadas no nosso blog <a href="http://avozdaquinta.blogspot.com/">na Voz da Quinta .</a><br /><br />O Projecto Aventura, o projecto Escolhas de S. Brás de Alportel, Algarve, convidou-nos para animar uma oficina de conto na II Feira da Interculturalidade a realizar em Dezembro. Decidimos que a nossa delegação será composta pelas crianças e jovens que tenham a melhor história e a saibam contar melhor . A selecção dos membros da delegação será feita pelas próprias crianças e jovens através de votação. Começou já um movimento activo em que os nossos candidatos investigam entre parentes, vizinhos e amigos a história que os levará ao Algarve.<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsT4ei-QUXmp8RibvrzxWd1vf3_ePx1YQqrlMj1yb7rB33hTfvEJJGgjTmIGplpCcB9s1l_pNbgmCR9KggPmlExzDRoUMA10O52MAKcTvTiTBPTzUf9uIgQ3lgXo22EKPEAgc8k7Pzx84/s1600-h/elsa.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsT4ei-QUXmp8RibvrzxWd1vf3_ePx1YQqrlMj1yb7rB33hTfvEJJGgjTmIGplpCcB9s1l_pNbgmCR9KggPmlExzDRoUMA10O52MAKcTvTiTBPTzUf9uIgQ3lgXo22EKPEAgc8k7Pzx84/s320/elsa.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5132656181649610114" border="0" /></a><br /><span style="font-size:85%;">Desenho Elsa Mendes</span><br /><br />Olho para esta iniciativa e penso como gostaria que todo o nosso projecto pudesse replicar ampliadamente este modelo na sua simplicidade e virtude.<br /><span style="display: block;" id="formatbar_Buttons"><span class="" style="display: block;" id="formatbar_CreateLink" title="Link" onmouseover="ButtonHoverOn(this);" onmouseout="ButtonHoverOff(this);" onmouseup="" onmousedown="CheckFormatting(event);FormatbarButton('richeditorframe', this, 8);ButtonMouseDown(this);"></span></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-49462341806037681272007-11-07T09:44:00.000+00:002007-11-07T11:38:58.592+00:00O Ovo de Colombo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip8Ku22M9YBNI7iLKoxf-IrjLg61O9m1bCl2e34Plg7fTKphS2-c40ULvnBSwutbObzuAUibnsmFBimm75s0ErQq6Odfm-Crel-bFHsqwhVNcOvkNgsqfLkKCCvWtg6WWvVRxzUBRuSvM/s1600-h/luz.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip8Ku22M9YBNI7iLKoxf-IrjLg61O9m1bCl2e34Plg7fTKphS2-c40ULvnBSwutbObzuAUibnsmFBimm75s0ErQq6Odfm-Crel-bFHsqwhVNcOvkNgsqfLkKCCvWtg6WWvVRxzUBRuSvM/s320/luz.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130059482171685698" border="0" /></a><br /><span style="font-family:verdana;">A diferença entre o lugar comum e o senso comum é, provávelmente, que o primeiro obscurece a realidade e o segundo a ilumina. Espero localizar-me na segunda esfera.<br /><br />A nossa praxis na Quinta da Serra é, antes de mais, uma acção de capacitação das nossas crianças e jovens para o exercicio da cidadania. O ponto de partida é o sujeito em livre arbítrio. Cada ser humano contem em si, a essência estrutural e causal de toda a restante realidade física e, ao mesmo tempo, quer a identidade quer a própria realidade só se afirmam plenamente na relação com o outro. Arendt expressa assim, o último conceito: "Só quando as coisas podem ser vistas por muitas pessoas, numa variedade de aspectos, sem mudar de identidade, de modo que os que estão à sua volta sabem que vêm o mesmo na mais completa diversidade, é que a realidade do mundo se pode manifestar de maneira real e fidedigna".<br /><br />Mas a capacitação de crianças e jovens em que consiste? Se aceitarmos que cidadania é lexis e praxis, diálogo e acção em espaço público, entendido este não como espaço físico mas como lugar onde estão os cidadãos -Atenas onde estão os Atenienses- e se o diálogo se exerce com a nossa língua materna, como capacitar se não pusermos a lingua no centro do nosso campo de acção?<br /><br />A dimensão política deste "senso comum" está expressa em plenitude no Pessoa do Livro do Desassossego quando nos fala inspirado por Vieira, duas figuras tutelares da nossa língua que assim se juntam:<br /><br /></span><p>"Não chóro por nada que a vida traga ou leve. Há porém paginas de prosa me teem feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noute em que, ainda creança, li pela primeira vez numa selecta, o passo celebre de Vieira sobre o Rei Salomão, "Fabricou Salomão um palacio..." E fui lendo, até ao fim, tremulo, confuso; depois rompi em lagrimas felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquelle movimento hieratico da nossa clara lingua majestosa, aquelle exprimir das idéas nas palavras inevitaveis, correr de agua porque ha declive, aquelle assombro vocalico em que os sons são cores ideaes - tudo isso me toldou de instincto como uma grande emoção politica. E, disse, chorei; hoje, relembrando, ainda chóro. Não é - não - a saudade da infancia, de que não tenho saudades: é a saudade da emoção d'aquelle momento, a magua de não poder já ler pela primeira vez aquella grande certeza symphonica.</p> Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa....."<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCXEURjnb_xDO4b6LbGYOGBSvbWnJWpRxVuayCoz62AgCQDnSayIsVAPjNZvXs3XGHGG1JtvFQ8fYjmzfS-GOB_SqA56GCAMem7xaDt0ILHWv90pPMrp11uHWkM262G65AIq4nDo5uWQM/s1600-h/ferro&pedra.jpg"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCXEURjnb_xDO4b6LbGYOGBSvbWnJWpRxVuayCoz62AgCQDnSayIsVAPjNZvXs3XGHGG1JtvFQ8fYjmzfS-GOB_SqA56GCAMem7xaDt0ILHWv90pPMrp11uHWkM262G65AIq4nDo5uWQM/s320/ferro&pedra.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130061277468015442" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Todos os dias, na nossa acção com o "outro" somos levados a concluir que sem uma língua que nos una, sem essa pátria, só existe o deserto e o deserto em determinadas condições atmosféricas conduz às tempestades e à violência. A violência daqueles que condenamos ou que se condenam a si próprios ao silêncio.<br /><br />Do ponto de vista escolar, temos, entre nós, situações de crianças que só sabendo falar crioulo não conseguem acompanhar o que se passa, não só nas aulas de português mas em todas as outras disciplinas. Essas crianças para quem pedimos apoio especifico na escola, só podem beneficiar dele depois de terem maus resultados comprovados. Existe uma ideia, errada, de que as crianças e jovens provenientes de países de lingua oficial portuguesa precisam de menos apoio ao nível da lingua portuguesa que os outros imigrantes.<br /><br />Por outro lado, é essa lingua, essa pátria e mátria, que nos liga através da memória e das narrativas ao "outro" que nos cria as condições para o estabelecimento das identidades e também a capacidade da promessa, a visão da(s) nossa(s) possibilidades de futuro. Esta é uma reconciliação que é feita a partir de dentro. Uma reconciliação de paz numa memória marcada pela relação colonizador/ colonizado e muitas vezes pela guerra.<br /><br />Melhorar por todos os meios ao nosso alcance a competência na lingua portuguesa, como instrumento e espaço de cidadania talvez seja o nosso ovo de Colombo, na resposta à pergunta de como intervir para a inclusão em sistemas cada vez mais complexos. Com a vantagem de resolver na prática a contradição que existe muitas vezes entre acções eficazes e acções fecundas.<br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4945220604506194582.post-5892302828935433282007-11-05T07:41:00.000+00:002007-11-05T10:36:08.933+00:00Spaceship Earth<span style="font-family:verdana;">No prólogo da Condição Humana Hannah Arendt chama a atenção para o facto de a Terra ser a quinta-essência da condição humana e, de acordo com o que sabemos a sua natureza poder ser singular no universo, a única capaz de oferecer aos seres humanos um habitat no qual eles podem mover-se e respirar sem esforço nem artifício.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">O Professor David Deutsch, autor de "The Fabric of Reality", do Centre for Quantum Computation da Universidade de Oxford discute isso numa excelente "Ted talks".<br /><embed style="width: 400px; height: 326px;" id="VideoPlayback" type="application/x-shockwave-flash" src="http://video.google.com/googleplayer.swf?docId=-961445674087490150&hl=en" flashvars=""></embed><br /><br />Ainda citando Arendt: "Devem a emancipação e a secularização da era moderna, que tiveram inicio com um afastamento, não necessáriamente de Deus, mas de um deus que era o Pai de todos os homens no céu, terminar com um repúdio ainda mais funesto de<br />uma terra que era a Mãe de todos os seres vivos sob o firmamento?"<br /><br />A resposta está possivelmente noutra pergunta que talvez devamos fazer sempre que consumimos recursos globais: "Seria sustentável se todos o fizessem?"<br /><br />Se a resposta for <span style="font-weight: bold;">não</span> seremos conduzidos à necessidade de definir estratégias de redução de consumo excessivo assente em relações mais justas e alicerçadas numa cultura que promova a integridade do nosso planeta.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Conhecimento ilimitado para todos, consumo material limitado e razoável também para todos</span>. Poderia ser o principio.</span>Unknownnoreply@blogger.com0