sábado, 19 de abril de 2008

Iluminações - Rimbaud





Bárbaro

Muito depois dos dias e estações, e os seres e os paises,
O pavilhão em carne viva sobre a seda dos mares e das flores árticas; (que não existem)
Repostas velhas fanfarras de heroismo, - e que nos atacam ainda o coração e a cabeça,- longe dos antigos assassinos,-
Oh! O pavilhão em carne viva sobre a seda dos mares e das flores árticas; (que não existem),
Doçuras!
Os braseiros, chovendo nas tempestades de granizo. Doçuras! – Estes fogos na chuva do vento de diamantes lançados pelo coração terrestre eternamente carbonizados para nós. – ó mundo!
(Longe das velhas retiradas e das velhas chamas, que se ouvem que se sentem.)
Os braseiros e as espumas. A musica, viração de vórtices e choque de gelos nos astros.
Ó doçuras, ó mundo, ó musica! Ali, as formas, os suores, as cabeleiras e os olhos, flutuando. E as lágrimas brancas, fervendo, - ó doçuras! – e a voz feminina chegada ao fundo dos vulcões e das grutas árticas…- o pavilhão…



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