quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Acção em rede e capacitação versus instrumentalizações
A liberdade em Arendt é indissociável da inovação e da acção: de fazer o totalmente inesperado. O pluralismo, o confronto com o “outro” uma forma de validação do exercicio de liberdade, entendida esta esta na sua dimensão pessoal e única, a Polis o espaço dessa validação. Desta maneira a acção é uma manifestação de liberdade numa rede plural. Cada actor entra em relação com uma intrincada rede de acções e eventos que não podem ser controlados por ninguém em particular e cujos resultados são imprevisiveis e irreversíveis. Agindo, todos somos capazes de começar processos mas ninguém tem a capacidade de controlar as consequências dos seu actos. Arendt alerta também para o facto de cada acto determinar uma série de acções e reacções que não têm fim. No campo de acção que escolhemos, o confronto com o outro começa por ter uma barreira ao nível da palavra, das competências associadas à lingua, mais grave que a condenação ao silêncio pelo outro é a condenação de si próprio ao silêncio. No silêncio os conflitos resolvem-se em violência interna ou externa (lá iremos). Sem palavra não existe diálogo, sem diálogo não existem promessas, nem acção, nem poder e o espaço público reduz-se a um conjunto vazio. Muitas vezes, na acção, temos essa sensação de estar a negociar esse conjunto vazio. Interessa-nos investigar quais os contextos catalizadores da emergência de redes? Onde intervir de maneira a criar as sementes da mudança acreditando como Arendt que um pequeno acto e por vezes uma palavra são suficientes para mudar todas as constelações? Sabemos que as intervenções focadas na eficácia da afectação recursos geram relações instrumentais de dependência mas será a acção em rede, concentrada no processo e na fertilidade, ineficaz à luz dos padrões de avaliação de projectos? Como compatibilizar eficácia e fertilidade? Finalmente como transformar o “pluralismo excluido” em “pluralismo inovador”, ou seja escancarar o espaço público à alteridade existente nos territórios de exclusão e qual o papel das narrativas, de que falámos, nesse contexto?
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