segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mundo e Cidadania
















Voltamos ao papel da mulher como charneira entre o mundo e a terra, as raizes . Ocupa-a a resolução desse conflito no quotidiano nos pequenos grandes gestos. Uma leitura possível parte da maneira como educam os filhos. É uma leitura que podemos fazer através das crianças, das rotinas mas também dos comportamentos em crise.
Um lugar comum das reclamações das mães é estarem inseridas num contexto que não permite que os filhos sejam castigados fisicamente. A degradação moral dos filhos e a incapacidade de os fazer respeitar as regras teria origem aí. Não discutimos o principio mas a reclamação i.e. a ideia de inserção no mundo como uma espécie de menu donde retiro instrumentalmente as coisas que mais me convêm. No outro extremo temos a resolução virtuosa da contradição. A metáfora da árvore que enraiza à medida que cresce para o mundo dá-nos uma imagem por defeito da quantidade de oportunidades que no mundo globalizado se abrem à diferença. Trabalhar com as mães na valorização dos elementos de identidade diferenciadores gera auto-estima e desta maneira resiliência em contextos adversos e cidadania activa em contextos virtuosos.
O nosso trabalho aqui é com as mães, com as tais familias monoparentais e destruturadas. Com as mães que deixam a casa antes dos filhos irem para a escola ou chegam a casa muito depois das horas a que as crianças se deviam deitar porque trabalham nas limpezas em pré ou pós horário laboral. Com as mães que deixam os filhos de 13 anos no bairro a tratar de irmãos de 4 ou 5 e vagamente entregues a uma “tia” para ir acudir a doença ou morte de parente na terra de origem.

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