quarta-feira, 3 de outubro de 2007
A Violência e o recuo do espaço público
O poder em Arendt é sempre o resultado da acção assente na concertação e na pluralidade de actores em oposição à Força como uma propriedade individual ou natural e à Violência que é coerciva. No sentido de Arendt, o poder não só não precisa de ser legitimado como é a fonte de toda a legitimidade das instituições políticas. Vimos atrás que no campo de estudo que escolhemos, a violência é muitas vezes o resultado de uma condenação ao silêncio. Falamos agora da violência como resultado de um vazio gerado pelo recuo do espaço público ou sua inexistência. Quando desaparece o espaço público, o sujeito atinge o seu máximo de fragilidade e emerge o medo. Por outro lado os mecanismos de coesão comunitária tomados por dentro, pela ausência de polis, fazem emergir um código de conduta que protege os actores de comportamentos violentos existindo, no limite, uma narrativa que faz a sua exaltação. Do ponto de vista da acção importa saber como intervir sem quebrar os vínculos à comunidade? Como intervir sem aprofundar clivagens intra-comunitárias existentes que tipicamente procura os culpados entre os mais jovens? Como intervir sem ser contributivo para a narrativa espectacular dos gangs e guetos? Como intervir ao nível individual sem paternalizar nem excluir? Como intervir no curto prazo em termos de dinâmicas comunitárias contra a violência?
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