quarta-feira, 17 de outubro de 2007
O Deserto não está em nós
A ausência de mundo coloca-nos no deserto, mas o deserto não está em nós. A psicologia procura adaptar-nos ao deserto, retira-nos a faculdade de sofrer e a virtude de suportar. Suportando a paixão de sofrer no deserto criamos a coragem para agir, para nos transformarmos a nós próprios.
Os oásis não são lugares de descompressão mas fontes de vida, sem a dimensão de integridade dos oásis não saberiamos como respirar. Cito de memória "the promise of politics" de Hannah Arendt.
Recebemos no bairro 50 coordenadores de projectos escolhas , ontem terça feira 16 de Outubro para o Workshop de Mediação e Gestão de Conflitos.
A importância para o bairro do evento é indeterminável. A sensação, essa é a de um oásis. Não foi o projecto que acolheu o workshop, foi o bairro. Para quem está habituado ao bairro isso é intuitivo, mas podemos procurar evidências na maneira como muitas pessoas foram encaminhadas, no almoço, na curiosidade e alegria de muita gente.
O meu filho Francisco anda a estudar as baleias, e eu com ele. Fiquei a saber que as baleias tem duas formas de comunicação: as ondas curtas que permitem diálogos precisos entre seres e as ondas longas, que são usadas para enviar sinais e testemunhos de presença. A relação do bairro com os nossos companheiros dos outros projectos fez-se com ondas longas mas fez-se. Isso enche-nos de alegria.
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