quinta-feira, 11 de outubro de 2007

And Gods may be with Burmese Monks!!!



O titulo e a imagem são retiradas do blog do meu filho Pedro.

Que condição faz que monges troquem a eternidade pela imortalidade? a vida contemplativa pela vida activa?

A contemplação pressupõe uma procura do eterno ou uma fusão com o que não se nomeia. Nesta busca, toda a actividade, mesmo a do pensamento, ou devo dizer sobretudo a do pensamento (?), são um escolho uma barreira que se coloca entre o nosso ser físico e o nosso ser etéreo e entre este e o não-ser.
A vida activa pressupõe estar entre os homens. Nós portugueses, como os romanos, continuamos a dizer quando alguém morre: "Já não está entre nós". Arendt sintetisa isto duma maneira luminosa quando assume que a condição humana da acção é a pluralidade e a acção funda corpos políticos. Na tradição clássica greco-romana pelas palavras/diálogo e feitos/acção se podiam tornar os homens imortais pressupondo a existência duma narrativa e duma memória dessas mesmas palavras e feitos como condição da própria polis.

A pergunta que fazemos no inicio é ela própria questionável. Nada nos indica que os monges budistas birmaneses tenham abandonado a vida contemplativa sabemos é, seguramente, que abraçaram a vida activa e a politica naquilo que esta tem de mais luminoso. Não sabemos se superaram a aparente contradição entre vida activa e contemplativa mas quando olho a fotografia e os vejo protegidos por um cordão de pessoas, quando nos filmes que nos chegam de Burma vejo as pessoas ajoelhando à sua saida dos autocarros não consigo deixar de me emocionar com o sagrado e com a política. É muito cedo para avaliar os resultados dos acontecimentos e os seus impactos e leituras políticas dentro e fora de Burma. Falamos do processo, e esse é exemplar para todas as comunidades religiosas do mundo, para todos os cidadãos do mundo.

May Gods be with Burmese Monks!

2 comentários:

MCP disse...

Na nossa vida recatada na Serra de Ossa, quantas vezes nos emocionámos com as notícias que nos iam chegando do mundo? Foi a propaganda legitimadora da II Guerra do Golfo que iniciou um processo imparável depois disso. O ataque a civis libaneses, em Julho de 2006, consumou o nosso regresso à acção. Da vida contemplativa na Serra de Ossa - na nossa casa onde, também em tempos, viveram monges cristãos que fizeram da pobreza o seu hábito - à acção, no Bairro da Quinta da Serra, foi um passo. O movimento entre uma e outra regula a nossa partilha além da paixão que não se esgota porque nessa oscilação estamos em nós mas estamos no/com o mundo.

Pedro Ramos disse...

Sabes pai, ao ler o teu texto lembrei-me de uma conversa que tive com uma colega do Budista Sri Lanka que parecia bastante indiferente em relação a esta manifestação dos monges.

Eu perguntei-lhe porquê e ela disse-me que... são apenas animais. O nosso mundo material é apenas um reflexo animal. Eu achei estranho. E não compreendi. Ela então explicou-me que a força destes monges reside na sua compreensão de que este é um acto animal e que a sua aproximação de um estado permanente de melhoramento os leva a terem a coragem de se levantarem contra seja que força for. E mais do que isso, sem sequer ter o intuito de lutar. Esperando que a sua indignação seja o rastilho de uma mudança maior.

Hoje tal como nestas ultimas semanas devem ser os momentos mais angustiantes onde monges têm sido deportados e mais coisas podemos especular.

O silencio e o ruido são armas de desinformação e neste momento não se sabe nada.

Parabens pelo blog e continua!

abraço do teu filho,